Seca, xote e baião: o funcionamento da memória, da autoria e da resistência no discurso pedagógico
Date
2020Metadata
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A presente tese pretendeu compreender os efeitos de sentidos pelos processos parafrásticos e polissêmicos a partir de fotografias e poesias construídas no Projeto Seca, Xote e Baião, desenvolvido com alunos do ensino médio da Escola Estadual Bernardino José Batista, Triunfo-PB, alto sertão nordestino, discutindo a problemática da seca e homenageando Luiz Gonzaga em seu centenário após leitura e debate da obra Vidas Secas do Graciliano Ramos. Diante desse arquivo, fizemos um recorte pela via das noções que foram mobilizadas no processo de descrição/interpretação constituindo nosso dispositivo teórico-analítico, e pela análise buscamos o funcionamento da memória, a condição da autoria e da resistência na produção de sentidos no discurso pedagógico, considerando a relação da historicidade, da memória e do acontecimento materializados. Assim, apontamos furos, falhas nas imagens como indicadores fortes da descontinuidade em paralelo com a obra literária, e como operadores que extrapolam o nível da consciência, e que podem ser observados na obscuridade do simbólico, na resistência ‘ocultada’, mas rompendo com a superfície acomodadora do imaginário fechada na imago alienante que projeta. Pelas condições de produção alcançamos a história de leitura do Vidas Secas e dos sujeitos-alunos, observando o já dito se marcando como pré-construído e afetando os sentidos das materialidades tomadas como um gesto dos sujeitos-alunos, que diante das atividades do Projeto Seca, Xote e Baião, pelo processo de textualização, assumiram uma posição discursiva a partir do lugar social de aluno, se contra identificando com o discurso pedagógico autoritário. Desse modo, face à memória o dizer se atualiza, trazendo fissuras, e o nosso argumento é: Quando o efeito-autor não recobre totalmente a função-autor ela vaza, nesse ponto se constitui a autoria, e o que sobra é o espaço do sujeito, é o campo da resistência, destacando que o processo da linguagem é assim também, de maneira geral, a voz é sempre do Outro, contudo alguma coisa escorrega e nos faz sujeitos na linguagem. Destarte, essas constatações produzem o que nomeamos por EFEITO-resistência-SIMBÓLICO, rachaduras no social efetivando deslizamentos nos sentidos e marcando o político, fazendo as fotográficas e os trechos poéticos funcionarem como operadores de uma memória social no processo de textualização, pela relação de força entre dominação e resistência que se dá no jogo discursivo.
Keyword
Memória discursivaAutoria
Resistência
Discurso pedagógico
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Linguística, Letras e ArtesCollections
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