Medicalização da educação: os sentidos atribuídos por familiares de crianças com queixa escolar que frequentam uma clínica escola.

Abstract

Com o aumento dos diagnósticos dos considerados “problemas de aprendizagem”, as soluções para os encaminhamentos escolares têm sido encontradas na maioria das vezes pela lógica da medicalização. Com isso, foi realizado um trabalho de pesquisa relacionado ao Núcleo de Estudos e Acolhimento às Questões Escolares (NEAQUE) vinculado ao curso de Psicologia da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul - Grande Florianópolis), com o objetivo de identificar os sentidos atribuídos a medicalização por familiares de crianças com queixa escolar que frequentam uma clínica escola vinculada a um serviço de Psicologia. A pesquisa se caracteriza como qualitativa, exploratória, de corte transversal, configurada como pesquisa de campo, e foi realizada através de entrevista semiestruturada. Foram entrevistadas duas mães responsáveis por crianças que participam do NEAQUE. A análise de dados foi feita através das práticas discursivas e produção de sentidos, sendo considerada como um fenômeno sociolinguístico que ocorre através de práticas de diálogos, conversas e narrativas. Quanto aos resultados, observou-se que as queixas são relacionadas a comportamento e interpretação, e que o processo de medicalização que envolve diagnóstico se apresenta pelas falas das mães como um atravessamento da lógica do diagnóstico e pela questão da medicação. O uso da medicação aparece como uma das principais saídas para as consideradas inadequações da criança na escola. E ainda, foi visto a importância do papel do NEAQUE no processo de aprendizagem escolar, que somado com outros recursos como a família e o olhar para o espaço escolar como um lugar de potência, possibilitam compreender a singularidade da criança, colocando-a como protagonista na construção de sua própria história.