Clementina de Jesus: um corpo cultural, ancestral e da indústria cultural
Abstract
A presente pesquisa tem por objeto Clementina de Jesus: seu canto e sua ancestralidade, como resistência estética e política em meio à indústria cultural. O trabalho de análise parte dos referenciais teórico crítico dos estudos culturais, fundamentalmente a partir dos estudos da cultura negra e da ancestralidade para localizar Clementina de Jesus na música popular brasileira como memória de uma africanidade dos tempos da escravidão que chega à indústria do entretenimento e à indústria fonográfica como um passado no presente, um velho no novo, uma tradição na modernidade. Para fazer este trânsito temporal, recorreu-se aos teóricos da cultura para embasamento sobre a diáspora negra e, consequentemente, sobre a cultura negra, com um olhar no afro-brasileiro. E abordar africanidade, anterioridade e religiosidade de matriz africana significa tratar de mitologia africana, dos orixás e seus mitos, da magia e do encantamento. Clementina de Jesus surge no mundo da indústria cultural apresentando uma parte do canto e da música negra marcada pelos processos colonizadores, escravistas e classistas, na história brasileira. Portanto, a tese afirma em Clementina de Jesus a resistência ao apagamento da história, que estrategicamente criou uma marca musical negra entre as demais culturas. A ancestralidade pode ser entendida como uma categoria de relação, ligação, inclusão, diversidade, unidade e encantamento (Oliveira, 2007). O que nos leva a entender que Clementina de Jesus serviu, e ainda serve, como uma arma política na defesa da cultura negra. De certa forma, seu canto ancestral não se resumiu em trazer à cena uma oralidade dos tempos da senzala que estava de lado, correndo riscos de ser esquecida, ele serviu também como estratégia política de inserção na indústria cultural.
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