As dinâmicas corporais na docência com bebês
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2018Metadata
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A presente pesquisa, em nível de mestrado, teve como objetivo analisar a composição das dinâmicas corporais na docência com bebês. A partir deste objetivo foram delimitados os objetivos específicos: compreender as especificidades das dinâmicas e demandas corporais nas ações docentes, bem como, analisar como as dinâmicas e as demandas corporais das professoras são demarcadas pelas demandas corporais dos bebês e; reunir elementos para compreender como o cuidado-corpóreo-emocional dá contorno para a ação docente das professoras. A fim de alcançar os objetivos da pesquisa realizou-se uma pesquisa de campo etnográfica em um grupo formado por 12 bebês e duas professoras em uma instituição de Educação Infantil pública do município de São José. Os dados foram gerados por meio da observação e de registros escritos, fotográficos e audiovisuais, durante quatros meses, de duas a três vezes na semana, no período vespertino, embasado em autores como: Cohn (2005), Corsaro (2011), Geertz (1989), Graue e Walsh (2003), Lopes (2004). Para a organização dos dados recorreu-se a Técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011) e Vala (1999) o que resultou em quatro categorias de análise: 1) O corpo da professora no atendimento às singularidades em um contexto coletivo; 2) O corpo da professora que acalma e acalenta; 3) O corpo da professora como possibilidade de relações e; 4) Relações sem pressa versus movimentação corporal intensa e a influência das materialidades. O referencial teórico a guiar as análises dos dados, teve como base os estudos do campo da Antropologia da Criança, da Sociologia da Infância e da Pedagogia da Infância. Para as análises recorreu-se a um diálogo com as produções científicas recentes sobre a temática bem como os estudos de Buss-Simão (2012, 2016), Duarte (2011), Giddens (2005), Foucault (2004, 2010), Le Breton (2006, 2009), Norbert Elias (2011), Sabbag (2017), Schmitt (2008, 2014), Tardif (2001), Tardif e Lessard (2013), Tardos (1992), Teixeira (2007), Tristão (2004), Vigarello (2003) e Wallon (1971, 1975). As análises revelaram que as dinâmicas e as demandas corporais da docência com bebês são marcadas pelas demandas corporais dos bebês. Ao responder e acolher as demandas dos bebês as professoras revelam uma disponibilidade corporal intensa que, por meio das relações, vão constituindo os bebês social e culturalmente. As análises evidenciaram também que os atendimentos às singularidades, que são constantes na docência com bebês e ocupam grande parte do tempo das professoras, são marcados por intensas relações corporais, essas relações são, por sua vez, intermitentes, pois, outros bebês buscam também por essa relação. Os dados revelam ainda que para dar conta de atender as demandas dos bebês, envolvidas em uma temporalidade imposta tanto pelos bebês como pela própria instituição, que muitas vezes apressa os atendimentos às singularidades dos bebês, as professoras fazem uso de uma movimentação corporal intensa para agilizar os atendimentos, ao mesmo tempo que buscam respeitar o corpo e tempo dos bebês. Por conta dessa agilidade, muitas vezes as professoras não se atentam ao seu próprio corpo, em como realizam os movimentos, revelando um descuido com seu próprio corpo, o que acaba gerando um desgaste físico, um cansaço corporal. Os dados revelam também que esse desgaste e cansaço, ocasionado pelo descuido com seu próprio corpo, é intensificado por meio do uso de materialidades inadequadas.
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Educação infantilDocência
Bebês
Corpo
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Ciências HumanasCollections
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