Processo judicial e empatia: estudo de caso da obra "O processo", de Franz Kafka
Data
2019Metadados
Mostrar registro completoResumo
A empatia é a capacidade que permite a uma pessoa colocar-se no lugar de outra diante de experiências afetivas e intelectuais e demonstrar a sua motivação em cuidar do bem-estar do próximo. Faz parte de um conceito multidimensional, no qual se apresentam facetas emocional, cognitiva e motivacional. O objetivo geral desta pesquisa foi compreender o processo judicial de Joseph K., na obra “O Processo”, de Franz Kafka, em um contexto de empatia. Os objetivos específicos consistiram em descrever os mecanismos cerebrais envolvidos na capacidade de sentir empatia, explicar a relação entre empatia e processo e identificar o comportamento de empatia no processo judicial de Joseph K. Para tanto, foi realizada uma pesquisa exploratória do tipo bibliográfica, a qual se utilizou da análise do discurso para o tratamento dos dados, bem como do instrumento de avaliação da empatia denominado “Inventário de Empatia”. A empatia faz parte de um construto multidimensional no qual se incluem as emoções, a cognição e a motivação para agir em prol de outrem e, para ser entendida em sua totalidade, não se separam essas facetas. Pode ser desenvolvida por meio da literatura, desde que haja envolvimento emocional. As emoções e a cognição interagem na formação da moralidade, já que esta envolve percepção, julgamento e ação. Assim, a capacidade de empatizar exerce função importante na prática legal, otimizando, por exemplo, a percepção e o julgamento moral, a comunicação, o relacionamento interpessoal e a tomada de decisões. Na obra em tela, desde o início até o fim de sua narrativa, observaram-se violações de preceitos constitucionais e processuais. Pode-se identificar empatia entre Joseph K. e o sacerdote e, por outro lado, ausência deste comportamento em interlocuções de Joseph K. com o juiz, os vigias e seu advogado. Joseph K. comportou-se de forma a assumir sua culpa ao longo de toda a obra, entretanto, sem saber os verdadeiros motivos de seu processo. Sua conduta era guiada principalmente por vontades alheias, demonstrando ausência de empatia consequente ao não conhecimento de si próprio. Por outro lado, demonstrou ser empático quando se preocupou com o bem-estar do público no tribunal. A perspectiva deste trabalho envolve a sua continuidade no que tange a compreensão da empatia nas obras de Kafka e, especialmente, à relação entre a empatia e a tomada de decisões judiciais.
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- Direito - Florianópolis [764]
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