“Não tenho tempo para esperar a hora”: um estudo sobre o uso do tempo pelos bebês no espaço da creche
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2019Metadata
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A presente pesquisa tem por foco analisar como os bebês têm vivido o tempo no espaço da creche. Realizado em uma instituição pública do município de Laguna, Santa Catarina, o estudo teve como sujeitos um grupo de 12 bebês, com idades entre 0 a 18 meses, e quatro adultas-professoras. A pesquisa, de orientação etnográfica, foi realizada em um período de quatro meses e tem como recursos investigativos registros escritos e fotográficos. Na análise, apostou-se no diálogo entre diferentes autores, como, por exemplo, Barbosa (2006, 2013), Batista (1998), Schmitt (2008, 2014), Pandini-Simiano (2010, 2015) e Guimarães (2008). Como resultado da pesquisa, pôde-se identificar que a organização do tempo proposta pela instituição educativa está pautada em uma rotina rígida e linear naturalizada pelos adultos. Constatou-se que o uso do DVD é uma estratégia recorrente utilizada de forma automatizada pelos adultos, para entreter e controlar os corpos dos bebês em diversos momentos do cotidiano, sobretudo na alimentação, sono e higiene. Os tempos de cuidado, para as professoras, parecem estar associados às ações mecânicas de assear o outro, justapondo-se aos gestos considerados por elas como educativo, tal como “a hora do trabalhinho”. Evidenciou-se que a organização do tempo proposta pelos adultos na creche é regida pela cronologia do relógio, marcada pelo aligeiramento, fragmentação e mecanização das ações cotidianas. Contudo, os bebês não vivem essa organização cronológica de forma passiva ou estática. Eles resistem e transgridem o tempo proposto, tornando o cotidiano menos rotineiro através das suas ações. À medida que os bebês buscavam viver outras relações no tempo proposto, eles mostram que são capazes de usar o tempo e o espaço para fazer coisas que não estão previstas pelos adultos, mas que são importantes e necessárias para eles. Fato que remete à necessidade e urgência de (re)pensar a organização do tempo e espaço proposta na creche, no sentido de considerar os ritmos dos bebês que ali vivem diariamente.
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